sábado, janeiro 09, 2010

Quando se morre…

vidaMorte2

Quando se morre realmente? Quando todas as funções vitais param? Quando os aparelhos já não marcam mais nada? Quando o biiiiiiiip continuo do monitor cardíaco soa?

Esta semana pensei muito sobre isso, e concluí que se pode morrer muito antes disso, se pode passar pela vida como um espírito arrastando um cadáver. O que me fez pensar sobre isso é que assisti uma entrevista de um sujeito de 35 anos de idade, que deve ter morrido lá pelos 27, senti muita dó pelo sujeito.

  • Se morre quando o tédio e a rotina já não suscitam mais revolta, apenas conformismo.
  • Se morre quando se tem muito mais respostas do que perguntas.
  • Se morre quando julgamos que apenas o que é antigo é que é bom e que o novo é só lixo, mas também se morre quando se acha que só o novo é que é bom e o antigo é que é só lixo.
  • Se morre quando se pensa que alguém que possua apenas metade da sua idade não pode ter nada para lhe ensinar, mas também se morre quando se acha que alguém com o dobro, ou mais, também não tem nada a ensinar.
  • Se morre quando as certezas suplantaram em muito as dúvidas.
  • Se morre quando se diz “eu te amo” apenas com a boca, e não mais com o coração.
  • Se morre quando o aperto de mão é apenas um gesto, e não um compromisso.
  • Se morre quando novos amigos deixam de acontecer.
  • Se morre quando se faz sempre o mesmo caminho, sem explorar novos lugares, novas cores.
  • Se morre quando o comodismo impede de fazer novos planos.
  • Se morre quando se ri cada vez menos, mas se lamenta cada vez mais.

   Enfim, se morre de muitas maneiras, ainda em vida, pode-se morrer um pouco a cada dia (como já escreveu João Cabral de Melo Neto), basta não viver, basta recusar-se ao mundo.

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